27 de agosto de 2009

Devagar e pra sempre

Quando saí da nossa casa, beijei a parede do corredor, a porta da cozinha, em sinal de respeito, por tudo o que houve ali, em sinal de despedida porque nunca mais, nunca mais.
Eu fiquei depois, com a lembrança dos filhos que nao nasceram, com os restos de viagens, com teus sorrisos perdidos nas caixas de fotos, sem mais amor, ou ódio.
Aí...
Aí vc morreu. E tudo ficou ali, onde estava, sem eu ter tempo pra novamente mais um amor, mais um ódio, e a tua voz morreu, aos poucos, deixando um vazio sempre que via aquele filme, ou que passava naquela rua. Em alguns dias, sempre que respirava. Com aquela sensação de nunca mais feliz...
Então, uma paz estranhamente tomou conta de mim, porque finalmente, pra sempre, eu tinha me livrado de você, das tuas garras, das tuas incertezas, me livrado até dos cantos, que mesmo na minha nova casa tinham teu cheiro, mesmo que você nunca tivesse estado lá.
E vc saiu da minha pele.



Semana passada descobri que na verdade vc jamais esteve ali, na minha pele.
E fiquei feliz.
Fiquei feliz porque nunca mais de você, é sempre mais de mim.