22 de fevereiro de 2014

Do mar ou de amar, não sei...

Quando passo naquele bairro onde tu acampou por três meses, a maresia me trás teu cheiro, as vezes me mareja os olhos. Em outras molha minha calcinha. E prender a respiração não resolve porque tuas unhas nunca saíram das minhas costas. E ouço o tilintar dos teus brincos nos meus dentes, sinto tuas coxas nas minhas orelhas, e ouço todas aquelas músicas que eram tuas e minhas. E tuas e da Regina. Tuas e da Ana Paula. E da Bárbara, e da Cris, e nem quero prosseguir na minha lista. Sabe que tu além de ser irritantemente linda é extremamente nociva? Gostar de ti me largou lá no alto da montanha russa, sabe como é? Quando a gente não tem opção a não ser descer naquele trem inseguro que começa com frio na barriga e termina em grito de desespero. Porque contigo, lindeza, nunca termina em alívio. 
Essa noite eu tive um sonho estranho. Tinha um moço por quem eu era apaixonada. Tão bom, tinha uma saudade! Era tão real que quando acordei fiquei procurando em mim por aquele rosto, aquele nome e nada. Depois de meio litro de café entendi. Quis tanto te esquecer, sabe? Tirar de mim o visgo do teu cheiro, do teu gosto, esquecer teu olhar, quis tanto que deu certo, consegui. Mas o imbecil do meu subconsciente não. Ele fica ali tentando jogar tua voz nos meus ouvidos. Me faz procurar pela tua foto na parede e fico olhando, fingindo que nem sei o que procuro, mas ele fica ali, na competente tentativa de me enlouquecer. Mas eu falava do sonho... Não. Esquece o sonho... 
Ontem, na terapia, a doutora me disse que o que faz minha depressão piorar é meu estágio avançado de consciência...  Viu que legal? Tua pseudo-namoradinha além de melhor sexo oral da terra ainda tem um avançado estágio de consciência. Não sei se é mais desperdício de língua ou de neurônio... Nem sei o que vim fazer aqui. Deve ter sido o sonho que me fez lembrar de como é bom ter alguém pra contar alguma coisa. Putz, meu supra estágio de consciência acaba de me lembrar que nunca pude contar nada a não ser se rolava ou não tudo que tu querias comer em mim...    Deixa pra lá. Vou tentar não sonhar mais.

Um comentário:

Salve Jorge disse...

Sonha
Capaz que você componha
Para além da consciência
Um certo estado de demência
Que com eloquência
Morda a fronha
E risonha
Molhada
Sejas enfim celebrada
Em verso, prosa e palavra cantada
A cadência da vida é ritmada
Pura indescência
Paciência
Mas ponha
O sonho na cadência...